Livro que retrata o surgimento do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, é lançado em Salvador

  • 10/09/2024
(Foto: Reprodução)
Evento aconteceu na sede do bloco, no Curuzu, e contou com apresentação da Band’Aiyê. Lançamento de livro que conta a história do Ilê Aiyê é realizado em Salvador O primeiro bloco afro do Brasil, lançou, na noite da segunda-feira (9), o livro "Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro", escrito pelo antropólogo francês Michel Agier. O evento aconteceu na sede do bloco, a Senzala do Barro Preto, no Curuzu, e contou com apresentação da Band’Aiyê. O estrangeiro acompanha o legado do bloco afro há cerca de três décadas, e dedicou anos de pesquisa para entregar, com riqueza de detalhes, dados e informações um arquivo sobre a trajetória do bloco que, em 2024, chega ao seu cinquentenário. Em 1974, um grupo de jovens de Salvador distribuiu pelas ruas o panfleto de um novo bloco carnavalesco, com uma foto de três negros em uma rua de Lagos, na Nigéria, e os dizeres "Nós somos os africanos na Bahia". Surgia assim o Ilê Aiyê: mais do que um bloco de carnaval, um movimento cultural e social que seria responsável não só pela reinvenção do carnaval baiano, mas por lançar um novo olhar sobre as relações raciais no Brasil. VEJA: Músicos do Ilê Aiyê, bloco afro mais antigo do país, relatam racismo antes de apresentação em restaurante na BA Ilê Aiyê celebra 50 anos de resistência e tradição em Salvador Livro 'Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro' escrito pelo antropólogo francês Michel Agier Reprodução/TV Bahia Segundo Michel Agier, a importância do Ilê vai além do local, é também cultural e política. Para ele, o bloco afro teve um papel fundamental sobre o olhar que se tem sobre o povo negro, inclusive colocando em pauta a luta contra o racismo e a valorização de uma história própria de referência aos afrodescendentes não só da Bahia, mas do mundo todo. "Eu descobri a importância do Ilê Aiyê com a questão do combate ao racismo, e procurar espaços e formas estéticas que revalorizam os negros como africanos na Bahia. É uma resposta ao racismo, no geral, na sociedade, e uma maneira de reverter isso criando uma imagem da África no estado", relatou o escritor. Para escrever a obra, Agier recompôs o dia a dia da preparação do primeiro carnaval desde o primeiro folheto de 1974, um arquivo histórico. O francês colheu entrevistas, relatos de vida de alguns membros e de mulheres associadas e, para isso, fez muitas viagens a Salvador. Livro 'Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro' é lançado em Salvador Reprodução/TV Bahia Agier, que já desenvolveu no Brasil pesquisas sobre relações raciais e dinâmicas culturais afro, focou especial atenção nos ritos carnavalescos e no bloco Ilê Aiyê a partir dos anos 90. No decorrer das 176 páginas, o autor analisou as condições que deram origem e viabilidade ao movimento, situando-as no contexto dos debates sobre raça, cultura e modernidade no país, ao mesmo tempo em que acompanhou de perto os 50 anos de existência do bloco afro. Antônio Carlos Vovô, mais conhecido como Vovô do Ilê, celebrou o lançamento. "É muito importante para a gente, para a cultura do bloco afro, para Salvador, para a Bahia e o Brasil. Através dessa iniciativa, dessa invenção do bloco afro, que surgiu aqui no Curuzu, a gente tem a consciência que contribuiu bastante para diminuir as desigualdades", afirmou. Antropólogo francês Michel Agier Reprodução/TV Bahia Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/09/10/livro-ile-aiye-a-fabrica-do-mundo-afro-e-lancado-em-salvador.ghtml


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